sexta-feira, novembro 14, 2008




Conselho de gente miúda

Aprender é tão relativo, tão além dos olhos. Aprender a encarar certas coisas e ficar pensando. O momento nosso, no espelho, de cara com a nossa própria cara, com a nossa crua verdade. E nestes dias, a gente se pega sentando, pedindo pro mundo sumir e você ficar ali, quieto, respirando, somente respirando, se possível.
Nada é confiável, nada te dá conforto ou paciência. Uma pausa, um momento, algo seu, perdido ali, jogado em qualquer canto...assim, a gente nunca consegue se achar.
Gente grande não entende de ficar triste, não observa conforto em qualquer lugar.
Gente pequena é sábia, é pura. Não te questiona, apenas te olha e te entende, sem precisar que você relate passo a passo, em estilo freudiano o que te dói. Gente pequena sabe, talvez porque sinta de uma forma mágica e tão simples. Gente pequena te permite a pausa de compassos, um silêncio tão seu:

- Por que você tá com esta carinha tão triste: ?
- Porque hoje eu tô triste. São coisas da vida.
- Eu sei como é, dói.

- É. Eu gostaria de ficar na minha cama, embaixo das minhas cobertas, escondida de todo mundo, pra ninguém me achar.

- Eu já passei por isso, mas vai passar.

Quem aí é gente grande e quem é gente pequena? ?

Eu aceitei o conselho óbvio e mais aconchegante. Pois é, sabemos que vai passar, vai voltar, mais há de passar. Na pessoa miúda, eu achei conforto, eu quis acreditar que isso, de alguma forma, vai embora e que ela sabe de como tudo dói. Gente grande não entende nada mesmo.



Para Débora Araújo, a pessoa miúda que me deu carinho.


Texto: Nathalia B. Triveloni

ilustração: Débora Araújo