domingo, fevereiro 11, 2007


Sobre macacos e homens...
Aprendi que os meus antepassados eram macacos e, com sua evidente evolução se transformaram na incompleta raça humana. Aprendi que, assim como eles, temos de lutar por uma sobrevivência que, muitas vezes, não deixa de ser uma seleção natural, parte integrante da luta eminente da selvageria. Aprendi muitas coisas que nos tornam iguais e outras que nos diferem dos bichanos. Dizem que a nossa principal diferença consiste no plano das idéias. Somos suficientemente capazes de ser racionais, enquanto eles agem pelo mais puro instinto. Discordo disso. Acho que muitas vezes somos mais instintivos do que pensadores, mais animais do que civilizados. Contudo, o que para mim realmente nos difere é a quantidade de olhos existentes. Os macacos possuem dois, os quais permitem com que sua visão seja precisa, sem alusões ou maiores dificuldades de interpretação. Neste contexto, olhares objetivos são lançados ante a uma realidade nada formal. Mas e os nossos ? Neste caso, não temos dois olhos, mas apenas um. Este único olho não é igual, é repleto de parcialidade. Por mais que seja diverso, cada pessoa que o possui acredita piamente que aquela é a unica visão, a unitária maneira de se ver o mundo e as construções edificadas nele. Assim como os macacos, os homens se organizam em bandos e estes, por sua vez, possuem características próprias. Por terem apenas um olhar, guerras são feitas em nome de um Deus, o qual é único, mas possui diversas interpretações, são feitas por causa de um espaço físico, o qual é muito mais ideologico do que concreto. Por causa de uma verdade absoluta inexistente, a música é impedida de ser tocada sem que haja um atrito, uma luta entre seus defensores e opositores. Por causa deste olhar só e muitas vezes mesquinho, vidas são consumidas e limadas em nome de uma liberdade forjada. E, por este caminho diverso, porém, único e parcial, o mundo torna-se a selva que anteriormente foi dominada por nós e, agora, nos domina.
Há aqueles que conseguem dividir o único olho em fragmentos de diversidade, porém, existem os que continuam acreditando que aquele olho é indivisível, genuíno e correto... Assim,deixando a visão de lado, percebo que nossos antepassados são mais vivos em nós do que imaginamos...
Texto: Nathalia B. Triveloni.
Ilustração: Goreti Carlos.

4 Comments:

At 2:39 PM, Anonymous Anônimo said...

Naná, seu texto é lindo!!! me sinto honrada por contribuir com meu gorila... grande beijo...

 
At 1:05 PM, Anonymous Anônimo said...

adorei este ciclope antropóide... o texto continua com a qualidade de sempre!

 
At 2:57 PM, Blogger Egon Zakuska said...

Belíssimo texto, já o conhecia. E lindo desenho da Gô!

 
At 10:07 PM, Blogger ana paula said...

Escreve lindamente! Serei redundante o tempo todo, rsrsrs.
Textos que te prendem, chamam atenção..deixam uma mensagem.
Parabéns, ruivinha! Sou fã!
Parabéns para a Gô também, adorei o desenho!! E ela ainda me faz rir constantemente lá no Camiseteria, ahaahah...suas piadas, senso de humor, além da simpatia!
beijinhos, Nath!

 

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