domingo, janeiro 21, 2007




As Engrenagens

Este não é o primeiro nem o último discurso : É o grito daqueles que, nas engrenagens, perderam sua essência

As mãos que produzem o mundo são as mesmas que se estendem para mendigar sobrevivência.

As engrenagens, com seu movimento vital, fazem emergir um labirinto de rostos iguais.

Por dentre os corações cansados,os fios que impulsionam cada batida são formados de dor.

Nas palmas das mãos,uma vida inteira cabe.Em uma lágrima,o grito sufocado se transforma.

Cada passo é milimetricamente projetado: Estamos diante de máquinas humanas !

O sangue que caminha pelas veias que se rompem é jorrado na forma de suor.

A respiração que se ouve é proveniente das chaminés que anunciam os espíritos consumidos.

Haverá um dia em que uma luz surgirá e dissipará os fios que arquitetam o aparato repressivo.

Quando isso acontecer,as engrenagens voltarão a ser órgãos que compõe a anatomia humana.

O grito que brotará, transformará o canto dos malditos na canção da liberdade.

Texto: Natahlia B. Triveloni
Ilustração: Ricardo Aníbal.

3 Comments:

At 10:21 AM, Blogger Egon Zakuska said...

Nos tornamos máquinas!
Belíssimo e verdadeiro texto, como sempre. Bem analisado e construído: faz pensar. Reflete nossas vidas, nossas emoções, tudo o que nos tornamos e a cada dia somos mais e mais...
E belíssima arte do senhor Ricardo Anibal! Parabéns aos dois!

 
At 10:46 AM, Blogger ana paula said...

Nath! Que lindo texto, bem articulado e inspirador! Parabéns e ao Ricardo também, adorei o visual, 'cheio de vida e de espontaneidade! :D
beijo grande!

 
At 4:36 PM, Anonymous Anônimo said...

máquinas que podem agir como uma linha de produção se quiserem... se autocompletando não é mesmo Sr. Egon?

 

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